Hacker decifra código encriptação de chamadas telefónicas
Karsten Nohl, um engenheiro alemão de 28 anos, conseguiu decifrar com sucesso o código de segurança que encripta 80 por cento das chamadas realizadas hoje a partir de telemóveis. O objectivo desta acção foi alertar para as falhas de segurança da tecnologia GSM, a mais popular e usada praticamente por todos os quatro mil milhões de utilizadores de telemóveis em todo o mundo.
Nohl, trabalhando com outros peritos, passou os últimos cinco meses a decifrar o algoritmo usado para encriptar as chamadas feitas com recurso ao GSM.
O sistema GSM, também conhecido como 2G, é o sistema “standard” de comunicações sem fios e o mais usado em todo o mundo.
A partir do trabalho de Nohl, qualquer pessoa – incluindo terroristas – poderá passar a ter acesso a conversas telefónicas privadas.
Presente num congresso em Berlim (Chaos Communication Congress, destinado a “hackers”), Nohl disse que a segurança GSM é “inadequada”, relata a BBC. “Estamos a tentar informar as pessoas acerca desta vulnerabilidade generalizada”, disse Nohl à cadeia britânica. “Esperamos vir a criar uma pressão adicional e que os clientes exijam uma melhor encriptação”.
A Associação GSM (GSMA), que desenvolveu o algoritmo e que impulsionou a adopção da tecnologia em todo o mundo, indicou que o trabalho de Karsten Nohl seria considerado ilegal em muitos países, mas o engenheiro informático alega que se consultou com advogados antes de deitar mãos à obra e que estes lhe garantiram que o trabalho que iria desenvolver seria perfeitamente “legal”. Para além do mais, a equipa que decifrou o código fê-lo tendo em vista objectivos puramente académicos. “Não estamos a recomendar às pessoas que quebrem a lei, mas antes a advertir os operadores que necessitamos melhores medidas de segurança”, esclareceu o engenheiro.
De acordo com Simon Bransfield-Garth, chefe de segurança da Cellcrypt, uma empresa de “software” com base em Londres, citado pela BBC, “o que Nohl fez foi pôr a sofisticada tecnologia para interceptar chamadas não apenas nas mãos de governos e serviços secretos”, mas também “ao alcance de qualquer organização criminosa bem financiada”. “Vai reduzir o tempo que tarda a intercepção de uma chamada GSM de semanas para horas” e, brevemente, talvez em “minutos”, alertou Bransfield-Garth.
Fonte: Público
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